BACUARA

BACUARA

“Ser bacuara não é empreito comum, sequer é volição, sequer é objetivo, é pura descoberta, epifania grata, tudo nele vem naturalmente e tão necessariamente como o primeiro suspiro, aquele que se julga ter todo o saber decididamente não o é. Bacuara é luz entendida, jamais contemplada, é o círio permanentemente aceso contra o vigor de Éolo em apagá-lo. O bacuara apreende e muito, muito depois aprende e novamente apreende e assim em sucessivas pororocas centrifuga e fala.”

segunda-feira, 26 de abril de 2010

INJUSTIÇADO




Sinto-me satisfeito em poder proclamar que, na presidência da república, não faltei a um só dos compromissos que assumi como candidato. Mercê de Deus, em muitos setores realizei além do que prometi, fazendo o Brasil avançar, pelo menos,cinquenta anos de progresso em cinco anos de governo. Pude ainda, através da operação Pan-Americana, despertar as esperanças e energias dos povos americanos para o objetivo comum de combater o sub-desenvolvimento. E todo este esforço culminou no cumprimento da meta democrática, quando o nosso país apresentou ao mundo um admirável espetáculo de educação política, que me permite encerrar o mandato, num clima de paz, de ordem, de prosperidade e de respeito a todas as prerrogativas constitucionais. Sejam quais forem os rumos de minha vida pública, levarei comigo, ao deixar o honroso posto que me confiou a vontade popular, o firme propósito de continuar servindo ao Brasil com a mesma fé, o mesmo entusiasmo e a mesmo confiança nos seus altos destinos!



BACUARA: Juscelino Kubitschek (Nonô)

sábado, 24 de abril de 2010

TRAIÇÃO INTERNA


"Uma nação pode sobreviver aos idiotas e até aos gananciosos. Mas não pode sobreviver à traição gerada dentro de si mesma. Um inimigo exterior não é tão perigoso, porque é conhecido e carrega suas bandeiras abertamente. Mas o traidor se move livremente dentro do governo, seus melífluos sussurros são ouvidos entre todos e ecoam no próprio vestíbulo do Estado.

E esse traidor não parece ser um traidor; ele fala com familiaridade a suas vítimas, usa sua face e suas roupas e apela aos sentimentos que se alojam no coração de todas as pessoas. Ele arruína as raízes da sociedade; ele trabalha em segredo e oculto na noite para demolir as fundações da nação; ele infecta o corpo político a tal ponto que este sucumbe".



BACUARA: Marco Túlio Cícero

quinta-feira, 22 de abril de 2010

FUNÇÃO DO ESTADO



"Não é função do Estado interferir na sexualidade, nas formas de matrimônio, na moralidade, na educação, na religião, pois esses domínios são os da consciência, que devem permanecer ao abrigo de toda e qualquer ingerência estatal. Esta última só é plenamente legítima na segurança, pois esta é relativa a um tipo de atuação cujos efeitos podem ser prejudiciais para o desenvolvimento da subjetividade humana. A função essencial - e diria mesmo residual - do Estado reside na segurança, contra os inimigos externos e contra aqueles cujas atividades terminam por inviabilizar as atividades alheias. A segurança é aquele domínio que não pode ser preenchido pelos esforços individuais, estando à instituição estatal reservada a função de preenchê-lo. De todas as esferas humanas, essa é a única cuja incumbência está destinada ao Estado."


BACUARA: Wilhelm von Humboldt

ODE À ALEGRIA


Como se canta na nona sinfonia de Beethoven.

(Barítono)
Oh amigos, mudemos de tom!
Entoemos algo mais agradável
E cheio de alegria!
(Barítonos, quarteto e coro)
Alegria, mais belo fulgor divino,
Filha de Elíseo,
Ébrios de fogo entramos
Em teu santuário celeste!
Teus encantos unem novamente
O que o rigor da moda separou.
Todos os homens se irmanam
Onde pairar teu vôo suave.
A quem a boa sorte tenha favorecido
De ser amigo de um amigo,
Quem já conquistou uma doce companheira
Rejubile-se connosco!
Sim, também aquele que apenas uma alma,
possa chamar de sua sobre a Terra.
Mas quem nunca o tenha podido
Livre de seu pranto esta Aliança!
Alegria bebem todos os seres
No seio da Natureza:
Todos os bons, todos os maus,
Seguem seu rastro de rosas.
Ela nos dá beijos e as vinhas
Um amigo provado até a morte;
A volúpia foi concedida ao verme
E o Querubim está diante de Deus!
(Tenor solo e coro)
Alegres, como voam seus sóis
Através da esplêndida abóboda celeste
Sigam irmãos sua rota
Gozosos como o herói para a vitória.
(Coro)
Abracem-se milhões de seres!
Enviem este beijo para todo o mundo!
Irmãos! Sobre a abóboda estrelada
Deve morar o Pai Amado.
Vos prosternais, Multidões?
Mundo, pressentes ao Criador?
Buscais além da abóboda estrelada!
Sobre as estrelas Ele deve morar.

BACUARA: Friedrich von Schiller

quarta-feira, 21 de abril de 2010

SILÊNCIO SILENCIADO


Cquote1.svg Portanto condenam o réu Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha o Tiradentes, alferes que foi do Regimento pago da Capitania de Minas, a que, com baraço e pregão seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar da forca, e nela morra morte natural para sempre, e que depois de morto lhe seja cortada a cabeça e levada a Vila Rica, onde no lugar mais público dela, será pregada em um poste alto, até que o tempo a consuma, e o seu corpo será dividido em quatro quartos, e pregados em postes, pelo caminho de Minas, no sítio da Varginha e das Cebolas, onde o réu teve as suas infames práticas, e os mais nos sítios das maiores povoações, até que o tempo também os consuma, declaram o réu infame, e seus filhos e netos tendo-os, e os seus bens aplicam para o Fisco e Câmara Real, e a casa em que vivia em Vila Rica será arrasada e salgada, para que nunca mais no chão se edifique, e não sendo própria será avaliada e paga a seu dono pelos bens confiscados, e mesmo chão se levantará um padrão pelo qual se conserve em memória a infâmia deste abominável réu;

ESSE BACUARA FALOU COM SILÊNCIO ELOQUENTE! ASSUMIU TODA A CULPA E NÂO ENTREGOU OS COMPANHEIROS...

segunda-feira, 19 de abril de 2010

INFÂMIA NA TERRA DE TIRADENTES





A profanação do túmulo de Tancredo

Murilo Badaró
Presidente da Academia Mineira de Letras

Candidatos que obedecem cegamente as instruções de marqueteiros estão
sujeitos a vexame, em tudo semelhante ao protagonizado pela candidata
presidencial em São João del Rei. Exalando o odor da farsa, ante o
olhar constrangido do bom Patrus, a candidata depositou flores na
sepultura de Tancredo Neves, tentativa burlesca de reconciliação do
petismo com o ex-presidente após 25 anos de repudiá-lo com
agressividade.Se em Ouro Preto depositar flores no Panteon da
Inconfidência poderia ser encarado como peça publicitária - tentativa
que também adquire ares de mistificação, aceita com naturalidade pelos
ouro-pretanos, acostumados a essas encenações -, a visita incorporada
do PT ao jazigo do líder mineiro aconteceu com atraso, depois que
expulsou de seus quadros os três parlamentares paulistas que votaram
em Tancredo no Colégio Eleitoral e recusou publicamente participar do
projeto de união nacional comandado pelo mineiro morto antes de
assumir a Presidência.Os responsáveis pela publicidade da candidata
cometeram grotesco escorregão histórico, como se fosse possível ser
levada a sério uma ação que adquiriu insólita expressão de reles e
tosca exploração eleitoral de um sentimento que é caro e nobre aos
mineiros. Por certo, há de pagar preço alto pela imprudência e
impudência política no momento próprio, pois mesmo recebendo o perdão,
como é da índole mineira, para o gesto anterior de repulsa aos acenos
pacificadores e patrióticos de Tancredo, os nascidos nestas terras não
se esquecem facilmente do quanto repercutiram negativamente os gestos
de hostilidades de Lula e seus companheiros a todas as propostas
conciliatórias, feitas em nome de uma união nacional que conseguiu
criar condições para a consolidação do processo democrático, de que
mais tarde se beneficiariam. Os olhos já enfastiados de velho
combatente político jamais contemplaram cena tão canhestra e até mesmo
provocadora para os brios dessa gente valorosa que mora entre estas
montanhas, que, como diz o presidente Itamar Franco, "ninguém
nivela".A infeliz proposta marqueteira, inventada para ajudar a
melhorar a situação da candidata em Minas Gerais, serviu tão somente
para ressuscitar velhas amarguras que jaziam nas sombras do
esquecimento e desnudou por completo as fragilidades da candidata em
seu propósito de angariar apoio dos mineiros. O então candidato Lula
recusou e combateu todas as propostas de união nacional iniciadas pelo
presidente Itamar Franco, tendo comandado a expulsão da deputada Luiza
Erundina por haver aceitado participar do ministério do grande
mineiro. Enfim, o petismo, ao qual a candidata se integrou
recentemente para efeitos eleitorais, não resgatou seu débito
histórico com Minas e muito menos com Tancredo, cuja sepultura sofreu
abalos pelo peso da insinceridade e da farsa depositadas sobre ela.A
profanação lembrou Joaquim Silvério dos Reis, agravada por um sem
número de estroinices ditas depois pela candidata bonifrate. Valha-nos
Deus!

sábado, 17 de abril de 2010

IMPRESSÕES E IDEIAS



Todas as percepções da mente humana se reduzem a dois tipos distintos, que denominarei IMPRESSÕES e IDEIAS. As diferenças entre elas consistem nos graus de força e intensidade com que atingem nosso espírito e abrem caminho até nosso pensamento ou consciência. As percepções que penetram com maior força e violência podemos chamar de impressões; e, nessa denominação, englobarei todas as nossas sensações, paixões e emoções, à medida que fazem sua primeira aparição na alma. Por ideias, quero significar as pálidas imagens disso no pensamento e no raciocínio; assim como, por exemplo, são todas as percepções provocadas por este discurso, à exceção apenas daquelas que decorrem da visão e do tato, eliminando o prazer ou o desconforto imediato que ele possa ocasionar.



BACUARA: David Hume

quinta-feira, 15 de abril de 2010

A RAZÃO


"O Iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma tutelagem que estes mesmos se impuseram a si. Tutelados são aqueles que se encontram incapazes de fazer uso da própria razão independentemente da direção de outrem. É-se culpado da própria tutelagem quando esta resulta não de uma deficiência do entendimento mas da falta de resolução e coragem para se fazer uso do entendimento independentemente da direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem para fazer uso da tua própria razão! - esse é o lema do Iluminismo".


BACUARA: Immanuel Kant

terça-feira, 13 de abril de 2010

CONSTITUIÇÃO


"É dever de todo o homem render ao Criador tantas honras quantas, e somente as quais, acredite aceitáveis. O dever é precedente, tanto na ordem do tempo, quanto no grau da obrigação, aos reclames da sociedade civil."

Na primaverra de 1776, com a Revolução Americana a caminho, a Commonwealth da Convenção Revolucionária da Virgínia deliberou a nova constituição do estado. Os delegados pretendiam incluir a Declaração de Direitos, que, por sua vez, incluiria a cláusula sobre a liberdade religiosa. George Mason propôs: “Que todos os homens deveriam desfrutar da mais completa tolerância no exercício da religião, conforme os ditames da consciência”, mas James Madison objetou. Tal apelo à tolerância religiosa seria incompleto, argumentou, pois por trás da idéia de tolerância se esconde a presunção de que uma determinada crença religiosa é mantida pelo favor do Estado, e não de acordo com um direito natural. Na tentativa de assegurar a verdadeira liberdade religiosa, Madison propôs uma alternativa: “De que a religião ou o dever que temos para com nosso Criador, e o modo de nos desobrigar, seja somente considerado sob a direção da razão e da convicção, e não pela violência e compulsão, e que todos os homens igualmente dotados do livre e pleno exercício desse direito, o façam conforme os ditames da consciência.” A liberdade religiosa prevaleceu sobre a tolerância, e por fim se tornou um componente crucial na política americana graças, em parte, aos esforços de Madison.

Talvez, mais do que qualquer outro membro da geração dos pais-fundadores dos Estados Unidos da América, Madison teve um papel primordial na formação das instituições políticas desse país. Muitas vezes chamado de “pai da Constituição”, Madison ajudou a projetar a arquitetura desse documento e ajudou a defendê-la juntamente com Alexander Hamilton e John Jay, na coletânea de artigos denominada Os Federalistas (que Thomas Jefferson acreditava ser “o melhor comentário aos princípios de governos que jamais foram escritos”). Michael Barone, um comentarista político contemporâneo, ao resumir o legado político de Madison escreveu: “A Constituição de Madison foi o maior passo adiante, desde o início do primeiro milênio, no sentido de alcançar um equilíbrio entre ordem e liberdade, orgulho nacional e princípio racional, fé e razão.” Madison entendia que todas as liberdades humanas – políticas, econômicas, intelectuais e religiosas – formavam um todo integrado que ao restringir uma delas, era equivalente a restringir todas.



BACUARA: James Madison

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O GOVERNO É UM MAL


Quem quer garantir a própria liberdade, deve preservar da opressão até o inimigo; pois, se fugir a esse dever, estará a estabelecer um precedente que até a ele próprio há-de atingir. O governo, mesmo quando perfeito, não passa de um mal necessário; quando imperfeito, é um mal insuportável. A minha mente é a minha igreja. Um governo que precisa de juramentos não merece apoio, nem deve ser apoiado. O erro que começou há mil anos é tão errado como o que começa hoje, e o acerto que surge hoje é tão certo como se tivesse a sanção de séculos. O tempo faz mais convertidos do que a razão. Estimamos pouco aquilo que obtemos com demasiada facilidade. O fato de continuarmos a pensar que uma determinada coisa não é errada dá-nos uma aparência superficial de estarmos certos. Ao planearmos para a posteridade, deveríamos lembrar-nos de que a virtude não é hereditária. As leis de difícil execução em geral não podem ser boas. Embora a avareza impeça um homem de se tornar necessariamente pobre, geralmente torna-o demasiado timorato para enriquecer. Para ser feliz um homem tem que ser fiel a si mesmo. A infidelidade não consiste em acreditar ou em não acreditar, consiste em professar aquilo em que não se acredita. Não fazer nada é o trabalho mais cansativo do mundo,pois você não pode se demitir e descansar!


BACUARA: Thomas Paine

domingo, 11 de abril de 2010

REALIDADE DIALÉTICA


Na realidade, porém, fato e valor, fato e fim estão um em relação com outro, em dependência ou implicação recíproca, sem se resolverem um no outro. Nenhuma expressão de beleza é toda a beleza. Uma estátua ou um quadro, por mais belos que sejam não exaurem as infinitas possibilidades do belo. Assim, no mundo jurídico, nenhuma sentença é a Justiça, mas um momento de Justiça. Se o valor e o fato se mantêm distintos, exigindo-se reciprocamente, em condicionalidade recíproca, podemos dizer que há entre eles um nexo ou laço de polaridade e de implicação. Como, por outro lado, cada esforço humano de realização de valores é sempre uma tentativa, numa uma conclusão, nasce dos dois elementos um processo, que denominamos “processo dialético de implicação e polaridade”, ou, mais amplamente, “processo dialético de complementariedade”, peculiar à região ôntica que denominamos cultura.

Mister é não olvidar que a compreensão do direito como “fato histórico-cultural” implica o conhecimento de que estamos perante uma realidade essencialmente dialética, isto é, que não é concebível senão como processus, cujos elementos ou momentos constitutivos são fato, valor e norma, a que dou o nome de “dimensão” em sentido, evidentemente, filosófico, e não físico-matemático.

BACUARA: Miguel Reale

sábado, 10 de abril de 2010

REFUTABILIDADE


Embora sua filosofia não se esgote na Epistemologia (Teoria sobre o conhecimento científico), foi contudo, neste domínio, que se tornou conhecido, nomeadamente devido à noção de falsificabilidade como critério essencial para a caracterização das teorias científicas. As suas ideias opõe-se neste aspecto às do Circulo de Viena e ao Neopositivismo que se esforçavam por estabelecer um princípio capaz de fundamentar verificação ou validação positiva uma teoria científica, demonstrado que a mesma era experimentalmente verdadeira. Popper afirma que era impossível verificar uma teoria era científica, pois não era possível comprovar todas e cada uma das suas possibilidades. Face a esta impossibilidade prática, propõe então que os cientistas sigam o caminho inverso isto é, procurem provar a sua falsidade. Neste caso basta apenas descobrir um único facto que a contradiga para a desmentir, ou a refutar.

Neste domínio as suas ideias podem ser resumidas nos seguintes tópicos:

1. A actividade cientifica consiste primeiro na formulação de hipóteses para explicar os vários problemas que se colocam, e depois na sua sucessiva anulação (refutação) através de experiências.

2. A ciência deixa deste modo de ser vista como um conjunto de teorias estabelecidas (verdadeiras, absolutas), para ser encarada como um conjunto de generalizações provisórias cuja falsidade os cientistas estão permanentemente a procurar demonstrar.

3. A formulação das hipóteses científicas deixam também de serem encarados como processo racional, cujas etapas estão rigorosamente determinadas. Não existe qualquer processo de descoberta, nem a descoberta científica tem qualquer lógica.

Filosofia Política

Vítima do terror nazi que se bateu sobre a Alemanha e a Austria, Popper procurou reflectir sobre a génese e fundamentação ideológica dos regimes totalitários. Platão, Hegel e Marx foram por ele apresentados os principais teóricos destes regimes, assim de uma visão da história que os justificava, o Historicismo. As suas ideias podem ser resumidas nos seguintes tópicos:

1.A história da humanidade não tem um sentido concreto que antecipadamente possa ser conhecido, o único sentido que possui é aquele que os homens lhe dão.

2.O progresso da humanidade é possível, e não carece de um critério último de verdade.

3. A razão humana é essencialmente falível, o dogmatismo não tem pois qualquer fundamento. A única atitude justificável para atingir a verdade é através do diálogo, o confronto de ideias por meios não violentos. Na ciência significa aceitar o risco de formular hipóteses que venham depois a ser refutadas pela experiência. Na política significa que cada um deve aceitar o risco de ver as suas propostas serem recusadas por outros no confronto de ideias ou projectos.


BACUARA: Karl Popper

QUEM GARANTE A DEMOCRACIA


…Forças Armadas não fazem democracia. Mas garantem-na. Não é possível haver democracia sem Forças Armadas que a garantam. Daí, dizer Forças Armadas democráticas. Como é isto, então? Sim. Entra na sua doutrinação o fim de defender as instituições democráticas ( … ). Muita gente diz que as Forças Armadas são democráticas quando há militares políticos e que conhecem a máquina de conduzir o Estado. Os generais aprendem isso para melhor situarem-se no cumprimento da destinação das Forças Armadas.

…Qual o militar que não tem ouvido, desde jovem tenente, a frase enunciada por doutores, congressistas, banqueiros, comerciantes, industriais e nunca pelo chamado homem do povo: '0 Exército precisa tomar conta disso!"? É permanecer no regime legal ou marchar para a ilegalidade ( … ). A questão tem interessado muito mais ao meio civil que ao próprio Exército.

Acreditam os senhores que o Exército tenha dentro de suas fileiras um conflito ideológico? Já se pode dizer que a luta entre duas ideologias que, de fato, lavra em setores da nossa nação, tenha se prolongado no Exército? Pessoalmente, eu não acredito. 0 Exército tem em suas fileiras alguns comunistas, uns atuantes, outros de ação bem dissimulada e vários timidamente embuçados. Tais elementos não constituem, porém, uma parte apreciável de um grande todo, a ser, então, considerado como dividido ideologicamente.

As Forças Armadas não podem atraiçoar o Brasil. Defender privilégios de classes ricas está na mesma linha antidemocrática de servir a ditaduras fascistas ou sindico-comunistas.



BACUARA: Castelo Branco

terça-feira, 6 de abril de 2010

SENSUALISMO


Imagine uma estátua no formato de um corpo humano. Imagine que ela é dotada de uma alma que nunca sentiu nada, nunca pensou nada.

Damos a ela um único sentido; o olfato, talvez o menos complexo dos cinco sentidos. Damos a ela um cheiro de jasmim e ali começará a biografia da estátua.

Por um instante, tudo no universo será aquele odor. No próximo momento, colocamos a fragrância de uma rosa e depois de um cravo.

Deixe que exista um único odor na consciência da estátua, e haverá atenção; deixe que a fragrância dure mais do que um momento e teremos a memória; deixe que uma impressão do presente e outra do passado ocupem a consciência, e teremos a comparação; deixe que a estátua perceba analogias e diferenças, e teremos julgamento; deixe que a comparação e o julgamento ocorram de novo, e teremos a reflexão; deixe que uma memória prazerosa seja mais vívida que uma não-prazerosa, e teremos a imaginação.

Quando as faculdades do Entendimento estão enraizadas, as faculdades da Vontade irão seguir; amor e ódio (atração e aversão), esperança e medo. A consciência de passar por diverentes estados dará à estátua a noção abstrata dos números; a consciência de ser o odor de cravo e ter sido o odor de jasmim dará a ela a idéia do Eu.


BACUARA: Etienne Bonnot Condillac

segunda-feira, 5 de abril de 2010

MARGINAL

 


A expressão "marginal" é muito utilizada em economia e significa acréscimo. Desta forma, utilidade marginal NADA mais é do que o acréscimo de utilidade que se verifica quando é consumida mais uma unidade do bem. Enquanto não é atingida a saciedade, a utilidade marginal é sempre positiva, ou seja, existirá sempre algum acréscimo de utilidade quando é consumida mais uma unidade do bem. Contudo, devido à Lei das Utilidades Marginais Decrescentes, este acréscimo de utilidade é cada vez menor. Por exemplo, quando se consome a primeira maçã, é retirada uma determinada utilidade; ao consumir a segunda maçã a utilidade total aumenta mas o incremento é inferior ao que se verificou com o consumo da primeira maçã; quando se consome a terceira maçã, supondo que ainda não se atingiu a saciedade, a utilidade volte a aumentar mas o incremento volta a reduzir-se. F. von WIESER FOI UM DOS PRINCIPAIS FUNDADORES DA MODERNA ANÁLISE DA UTILIDADE MARGINAL E AUTOR DO TERMO UTILIDADE MARGINAL (GRENZNUTZEN).


BACUARA:
Friedrich Freiherr von Wieser

domingo, 4 de abril de 2010

UTILIDADE MARGINAL


Um fazendeiro pioneiro tinha cinco sacos de grão, sem maneira de vendê-los ou de comprar mais. Ele tinha então cinco possíveis usos—como alimentação básica para si mesmo, alimento para construir força, alimento para suas galinhas para variação dietética, um ingrediente para fazer uísque, e alimentação para que seus papagaios o divirtam. Então o fazendeiro perdeu um saco de grão. Em vez de reduzir cada atividade por um quinto, o fazendeiro simplesmente esfomeou os papagaios, como eram de menos utilidade do que os outros quatro usos, em outras palavras, eles estavam na margem. E é na margem, e não com uma visão ampla, que nós fazemos decisões econômicas.


BACUARA: Eugen Ritter von Böhm-Bawerk

sábado, 3 de abril de 2010

CLARIVIDÊNCIA

Menger antes de tudo como um dos mais bem-sucedidos professores universitários, sendo fato notório que exercera influência considerável na vida pública de
seu país. Todos os relatos são unânimes em enaltecer a clareza transparente de
sua exposição. A título de exemplo, eis a impressão de um jovem estudioso americano
de Economia Política, que freqüentou as preleções de Menger nos semestres
de inverno de 1892 e 1893: "Com seus 53 anos, o Prof. Menger desenvolve com
muita facilidade seu trabalho professoral. Nas preleções, raramente recorre a anotações
pessoais, a não ser para certificar-se de uma citação ou data. Tem-se a impressão
de que as idéias lhe vêm ao falar. Expressa as idéias com tanta clareza e simplicidade,
sublinhando-as com gestos pertinentes, que é um prazer segui-lo. O estudante
sente que não é empurrado, mas conduzido: e quando se tira uma conclusão,
esta não surge como algo vindo de fora, mas procede como decorrência manisfesta
do pensar conjunto. Dizem que quem acompanha com regularidade as preleções
de Menger, não necessita de outra preparação para as provas finais de Economia
Política, e não tenho dúvidas em concordar com isso. Raramente, ou mesmo
nunca, ouvi um professor que tivesse a mesma capacidade de aliar a clareza e
a simplicidade de expressão à profundidade filosófica. É raro serem suas preleções
'excessivamente elevadas' para os menos dotados, contendo sempre estímulos para
os estudantes mais inteligentes".40 Todos os seus alunos conservaram recordação
particularmente viva da maneira sistemática, séria, profunda e abrangente com
que Menger apresentava a História das Doutrinas Econômicas; vinte anos depois
de sua aposentadoria, as apostilas de suas preleções sobre a Ciência das Finanças
continuavam muito procuradas como o melhor material preparatório para exame.
Seus melhores dotes de professor manifestavam-se, porém, acima de tudo,
em seus seminários. Estes reuniam um círculo seleto de estudantes mais adiantados
e muitos doutores, graduados havia tempo. Quando a discussão versava sobre
itens práticos, o seminário era organizado de maneira parlamentar, com um portavoz
principal a favor de uma posição e outro contra. Com maior freqüência adotava-
se, como base para a discussão, um relatório cuidadosamente preparado, feito
por um dos membros do seminário. Basicamente, Menger deixava a palavra aos
estudantes, mas ajudava-os incansavelmente na preparação de seus trabalhos.
Não somente colocava sua biblioteca à disposição dos alunos, comprando até livros
especiais de que necessitassem, mas dava-se também ao trabalho de ler e reler
com eles o manuscrito. Discutia os principais itens e a estrutura do relatório, e
até lhes "ensinava a arte da apresentação e técnica respiratória"

BACUARA:   Carl Menger

quinta-feira, 1 de abril de 2010

PORQUE ESSE CANHOTO



De toda esquerda brasileira, dita anômala por um jornalista e concordo, alguns firmaram convicção pela ordem democrática e exprimem algum tipo de ânsia por sua manutenção, tais benditos canhotos em país exercitando liberdade a despeito de todas, ainda vivas, ignaras pertubações inlelectivas e autoritárias dos militares e doutros pouco comedidos civis, ainda pós retumbante fracasso da implantação da ditadura rouge; permitiram por obra e graça de suas reflexões, convicções elaboradas com profundo sentido latitudinário, embora alguns fizeram e/ou sofreram no couro práticas abjetas, aterrorizantes, mas que perto de outras tiranias parecem brincadeiras, porém nunca justificáveis, mesmo assim, podemos avaliar tais posições sabiamente elaboradas como feitos permanentes, entronizados e valorados; melhor, condições exordiais para nosso ímpeto irretoativo de resistência por uma sociedade de homens livres. Resumindo, não sou Serra, mas este senhor é o melhor candidato, ademais, vênia máxima , anos-luz sobre os outro postulantes...