BACUARA

BACUARA

“Ser bacuara não é empreito comum, sequer é volição, sequer é objetivo, é pura descoberta, epifania grata, tudo nele vem naturalmente e tão necessariamente como o primeiro suspiro, aquele que se julga ter todo o saber decididamente não o é. Bacuara é luz entendida, jamais contemplada, é o círio permanentemente aceso contra o vigor de Éolo em apagá-lo. O bacuara apreende e muito, muito depois aprende e novamente apreende e assim em sucessivas pororocas centrifuga e fala.”

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

APENAS ISSO!

Os padeiros estavam carregando bolos para o mercado, e os pastores queriam alguns. Os padeiros recusaram, de forma bastante rude, chamando os pastores de "apostadores tagarelas, comilões alcoolizados, gulosos sardentos, canalhas desprezíveis, cagões vigaristas, baderneiros bêbados”, e mais. Padeiros e pastores se atacaram, e os pastores acabaram comprando diversos bolos em troca de dinheiro, mais de cem ovos e três cestas de amoras. Os padeiros foram reclamar com o rei Picrochole, que mandou soldados para devastar o campo. O bom monge Frère Jean fez muito para defender os pastores, e Gargântua o ajudou estabelecendo um monastério, Theleme, que era um paraíso libertário. Seu lema era: "Faze o que quiseres". "Suas vidas eram regidas não por leis, estatutos ou regras, mas segundo seu próprio livre-arbítrio e vontade. Levantavam-se de suas camas quando achavam por bem; comiam, bebiam, trabalhavam, dormiam conforme seu estado de espírito e disposição... Com tal liberdade, assumiram um hábito muito louvável de fazerem, todos eles, aquilo que constatavam que os agradava”. "Na abadia não havia disciplina alguma que não fosse auto-imposta; todos os arranjos se baseavam na responsabilidade individual... Não há, acreditamos, concepção mais elevada, convincente e sã das potencialidades da natureza humana dotada de não mais do que a mera liberdade – apenas isso.



BACUARA:   François Rabelais

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